domingo, 2 de novembro de 2008

Lugar-comum

outro dia ouvi:
'coligação de mais-de-um avulso de mil-metros'
é o que se chamava, antigamente, quando as pessoas sabiam falar direito, de 'grupo de gigantes'.

ouvi também, com minhas orelhas:
'milêuma de processos de rochização, de amálgamas afivelados em seus assentos de ejeção'
o que sempre reconheci como um monte de metades de idéias, lançadas ao espaço pela filosofia louca de um lugar-comum.

É isso aí que eu batizo de hifenização da sociedade;
palindromização da sociedade;
desconstrução da sociedade, sociedadização da sociedade s.a.
Bando de termos loucos e bonitos - não dão certo e não fazem sentido.


Eis que vêm, e perguntam:
'Ora, quem é essa tal de sociedade - com quem você anda saindo, dia e noite, e volta só na segunda-feira à tarde,
bêbado,
sujo,
em trapos?
Essa piranha que te levou a falar mal dos sentidos engraçados,
daquela fase azul daquele pintor feio,
de um macaco em cima da árvore - que bonito! que bucólico!
de um não-sei-o-quê ilegítimo que só atrapalha na hora de transar?
Logo tu que antigamente era safado,
que gostava de desenhar mentiras na parede,
que não sabia dançar;
Logo tu que nunca soube sonhar em voar?'

Ah, não sei nada disso, eu só digo, sem saber o quê:
hifenizem-se, neologizem-se.
ih! inventem seus próprios léxicos de nadafazeres inúteis.
aí nós poderemos digladiar fantasmas, sem lençol - vai ser divertido! vai ser infantil, mas dane-se, que é festa-sesta na cidade-aventura de Mil-direção!

'lençol' - isso é o que eu chamava de papel branco,
papel útil para queimarmos em nossas obras desnecessárias de reinvenção.
também conhecidas, pelos sociólogos, como vandalizacionismo;
inadequadas à futura geração

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