terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Cerbère

Era uma vez, em um buraco fora dos mapas da França, quando três fadas madrinhas me abordaram flanando, me inventaram queijos e suas línguas sorridentes, me atiraram n'água com zombarias típicas de criaturinha.
Paguei molhando pés em Mediterrâneo, lagarteando em praia de pedras, fingindo filmes franceses.
Sem dúvida tudo planos longos de gotas salgadas de mar, que terminaram indo dormir em minha língua cansada.
Paris amanheceu triste, e sem assassinatos.

a Bachelard

Quando, naquela idade, a idade do agora e dos planos, todos brincavam de pintar o futuro;
Ela passou aqueles dez anos de prazo esculpindo nuvens, todos os dias e noites, parada no topo de sua montanha, sonhando as belas nuvens.

"Trate de tomar a sua sopa, seu maluco, mercador de nuvens!"
(Baudelaire)

a Jonathan Strange

Vento escreve na grama,
Nuvem escreve no céu.
Seria a grama mera tela, mera desculpa para o vento balançar os teus cabelos?

"Quando me ponho a mordiscar os teus cabelos elásticos, parece-me que estou a comer recordações."
(Baudelaire)