terça-feira, 1 de abril de 2008

Viver (rascunho)

Viver é passar pulando pelos buracos
de um longo caminho deslanceante.


Não há maior demonstração de vida do que pulos e cambalhotas:
são movimentos sem sentido,
e com puro sentido;
pois que definem o movimento-em-si - é movimento sem atribulações de tempo-espaço e de deslocamento:
é dança sem música,
simples extravasamento de energia bruta;
transbordamento de raios de sensação, de negação de realidades,
de destoamento, de elfismo.
Quando a vida é tão grande que afoga o ser humano,
ele precisa correr sem objetivo! e de olhos fechados.
Correr de olhos fechados porque é movimento em estado bruto.

Porque elfar é brincadeira para crianças, é sem sentido e sem nexo, é presente sem futuro e passado, é momento.

Crianças passam correndo e dando cambalhotas e pulando, porque têm vida em excesso e por isso são tão gordinhas;
A criança é recém-chegada, é sem hábito: sem passado - e por isso só possui presente.
Conforme se envelhece o passado engorda e o futuro cresce simétrico, a não ser que se negue tudo e se viva na vida saltitante dos lunáticos!

Sair na chuva é para se molhar, é para brincar com água e com os elementos; soltar pipa é entender o vento, é roubar o vento e sê-lo, e que o vento também é o próprio soltador de pipa.

As crianças não precisam da reafirmação alheia para poder ser em tempestade; não precisam do olhar alheio confirmando - elas o pressupõem.